sábado, 23 de janeiro de 2021

Lição bíblica: A era da informação instantânea

Lição bíblica: A era da informação instantânea


TEXTO DO DIA

 “Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento” (Pv 3.13).


SÍNTESE

 A nossa opinião deve estar subordinada à Palavra de Deus, e não ao que é veiculado pela mídia.

 

OBJETIVOS

 Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

EXPLICAR as invenções antes e depois da Queda;

CONSCIENTIZAR dos males do consumismo tecnológico;

COMPREENDER que a mídia tem o poder de manipular as pessoas.

TEXTO BÍBLICO

Êxodo 35.30-35.

 

30 — Depois, disse Moisés aos filhos de Israel: Eis que o SENHOR tem chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá.

31 — E o Espírito de Deus o encheu de sabedoria, entendimento e ciência em todo artifício,

32 — e para inventar invenções, para trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre,

33 — e em artifício de pedras para engastar, e em artifício de madeira, para trabalhar em toda obra esmerada,

34 — Também lhe tem disposto o coração para ensinar a outros, a ele e a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã.

35 — Encheu-os de sabedoria do coração, para fazer toda obra de mestre, e a mais engenhosa, e a do bordador, em pano azul, e em púrpura, e em carmesim, e em linho fino, e a do tecelão, fazendo toda obra e inventando invenções.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

A lição de hoje trata de um assunto atualíssimo que é o amplo acesso à informação. Tal realidade só se tornou possível por causa das novas tecnologias que proporcionam aos meios de comunicação uma maneira quase “onipresente” de informar. Reconhecer que o excesso de informação é um perigo não significa rejeitar o saber e apoiar o obscurantismo. Se o Criador dotou-nos de condições físicas e mentais para que conheçamos e produzamos conhecimento, obviamente que não iria condenar-nos por isso (Gn 1.26-28; 2.15,19,20; Dn 1.17). Contudo, é preciso preocupar-se com a qualidade da informação que recebemos, pois, a partir dela, acabamos formando nossa opinião acerca de praticamente tudo à nossa volta (Fp 4.8).


I. AS INVENÇÕES ANTES E DEPOIS DA QUEDA

 

1. O trabalho como forma de administração da terra. 


E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.” (Gênesis 2:15)


Dizer que o trabalho é uma consequência da Queda significa contrariar a Palavra de Deus, pois vemos explicitamente que o Criador, antes da desobediência de Adão e Eva (Gn 3.6), ordenou ao homem que cuidasse da terra (Gn 2.15). Ao obedecer à ordem divina, o homem glorificava o seu Criador, da mesma forma como tudo o mais que existe no Universo (Sl 148). Evidentemente que, para trabalhar, infere-se que o homem precisou inventar ferramentas, assim como será no período do reino milenial de Cristo (Mq 4.3).


2. Invenções que afrontam a Deus. 


E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.

E aconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali.

E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume por cal.

E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.

Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;

E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.

Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.

Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.

Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra, e dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a terra.” Gênesis 11:1-9


O saber dado ao homem deve proporcionar o bem a todos e igualmente refletir a imagem do Criador em nós (Mc 2.17; Gl 6.10; Tg 3.9). Contudo, a torre de Babel, por exemplo, proporciona-nos uma visão do que significa inventar ou produzir como forma de afrontar a Deus (Gn 11.1-6).


3. A arte divinamente inspirada. 


Encheu-os de sabedoria do coração, para fazer toda a obra de mestre, até a mais engenhosa, e a do gravador, em azul, e em púrpura, em carmesim, e em linho fino, e do tecelão; fazendo toda a obra, e criando invenções.” Êxodo 35:35


Quando da elaboração do projeto divino do Tabernáculo, Deus, por intermédio do seu Espírito, inspirou dois homens — Bezalel e Aoliabe — enchendo-os de sabedoria do coração, para fazer toda obra necessária.

O exemplo de ambos ensina-nos que Deus, mesmo após a Queda, continua permitindo que as pessoas projetem “invenções” e ensinem outras a fazerem o mesmo, porém, tal conhecimento não deve servir para manipulações, antes para engrandecer ao Altíssimo (1Co 10.31).


Pense!

 

Você acredita que, com o seu trabalho, pode tornar o mundo um lugar melhor?

 

Ponto Importante

 

No desempenho das atividades laborais, os seres humanos glorificam, ou não, ao Criador.

 

II. O CONSUMISMO TECNOLÓGICO

 

1. A quase ilimitada capacidade humana de projetar invenções. 


E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne.” Eclesiastes 12:12


Já em seu tempo, Salomão reconheceu que “não há limite para fazer livros” (Ec 12.12). Em nossos dias, as invenções multiplicam-se em escala inimaginável. Uma vez que o Altíssimo faz com que “o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45), através da graça comum, que é a capacidade com a qual o Criador dotou-nos para que tenhamos conhecimento e assim projetemos invenções, não é difícil pressupor o que acontece em uma sociedade divorciada do temor de Deus. A produção tecnológica, muitas vezes, não é pensada com vistas a meramente facilitar a vida das pessoas, pois, muito mais que utilidade, os aparelhos e as tecnologias são símbolos de ascensão e inclusão sociais que distinguem as pessoas.


2. O assombroso crescimento tecnológico. 


E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará.” Daniel 12:4


As modernas invenções tecnológicas deste novo século denotam que chegamos a um período sem precedente (Dn 12.4). Quem se lembra de disquete, disco de vinil, fita cassete e VHS ou ainda retro-projetor? Todas essas tecnologias faziam parte do nosso cotidiano, porém, foram substituídas por outras mídias que não apenas têm a mesma função das anteriores, mas as suplantam e transcendem.


3. O perigo do consumismo tecnológico. 


Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura.” Isaías 55:2


A Palavra de Deus aqui nos adverte a rever nossas prioridades. Infelizmente, não poucos servos do Senhor que encontram-se endividados por atenderem aos apelos da mídia. O celular ainda não foi utilizado e já se torna obsoleto com o novo modelo que acabou de ser lançado. O computador mal foi tirado da embalagem, quando uma nova propaganda surge dando conta de que o mais “inteligente” é o que sairá no mês que vem. Assim, em um ritmo cada vez mais frenético, se não tivermos cuidado, tornamo-nos reféns de um consumismo eletrônico que não se justifica.

 

Pense!

 

Existe forma de prevenção contra o consumismo tecnológico?

 

Ponto Importante

 

É imprescindível que, em termos de consumo eletrônico, saibamos administrar os impulsos para não sermos induzidos a comprar desnecessariamente.

 

III. A MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA DA MENTE

 

1. Analfabetismo digital. 


Portar-me-ei com inteligência no caminho reto. Quando virás a mim? Andarei em minha casa com um coração sincero. Não porei coisa má diante dos meus olhos. Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim.” Salmos 101:2,3


Já não é mais preciso estar em casa para acessar a grande rede e verificar o e-mail ou conferir as notícias. É por isso que, constantemente, ouve-se afirmar que o analfabeto do século 21 não é quem não sabe ler, e sim a pessoa que não sabe lidar com as novas tecnologias.

O tempo passa a ser completo e totalmente roubado com o excesso de envolvimento com as tecnologias, trazendo até mesmo problemas profissionais e familiares. Na realidade, pesquisas já apontam que o tempo que as pessoas passam conectadas à internet ultrapassa o período dedicado à vida normal. Nestes tempos trabalhosos, até mesmo a infidelidade conjugal tomou-se facilitada (2Tm 3.1). É preciso redobrar a vigilância com o uso da tecnologia.


2. O excesso de informação na era digital.


Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” Filipenses 4:8


Examinai tudo. Retende o bem.” 1 Tessalonicenses 5:21


 Sabe-se que atualmente a quantidade de informação que recebemos em apenas um dia é a mesma que uma pessoa levaria a vida inteira para obter na Idade Média! É preciso que submetamos tais informações ao crivo da Bíblia, pois senão corremos o risco de nos tornarmos secularizados (Fp 4.8).

Além disso, é preciso cuidar-se para não formar opiniões unilaterais baseadas unicamente no que é veiculado pelas agências de notícias (1Ts 5.21). Por falta de esclarecimento, muitos passam a defender coisas erradas, inverídicas ou até mesmo certas, mas de forma equivocada.


3. A mentalidade atual formada pela mídia. 


E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:2


A mentalidade do povo é formada pela mídia. Ela dita-lhe as modas e os pensamentos. Entretanto, a Bíblia recomenda-nos que não nos moldemos ou tomemos a forma do sistema pecaminoso, mas que nos transformemos pela renovação do entendimento (Rm 12.2). O nosso padrão e modelo de vida é Jesus Cristo (Ef 4.13), e também as palavras que são consoantes à sã doutrina (1Tm 6.3; 2Tm 1.13), e não o que pensa determinado político, artista, pensador e até mesmo obreiro que não falar conforme a Palavra do Evangelho (Gl 1.8,9,13).

 

Pense! 


É possível utilizar as novas tecnologias de forma racional e cristã?

 

 Ponto Importante

 

Uma vez que a nossa opinião é formada com base nas informações que absorvemos nos diversos meios, precisamos desenvolver uma atitude crítica na triagem de tais conteúdos.

  

IV. AS REDES SOCIAIS E OS RELACIONAMENTOS

 

1. Comunicação humana. 


Sendo um ser social, o ser humano depende de outros para sobreviver. Desde o Éden, o próprio Criador disse: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele” (Gn 2.18b). Ora, se a própria Palavra de Deus diz que o Criador “visitava” o homem na “viração do dia” (Gn 3.8), como poderia este estar só? A única explicação é o fato de que o ser humano foi criado como um ser gregário e sociável, tendo necessidade de comunicar-se (Gn 2.20-25).


2. Comunicação antiga. 


Em seus primórdios, certamente a comunicação só se fazia de forma presencial. Posteriormente, a humanidade foi desenvolvendo outras maneiras, mas o fato incontestável é que o ser humano tem essa necessidade de relacionar-se.


3. Comunicação atual.


Nada pode ser comparado aos modelos de comunicação criados no século 21. É uma verdadeira revolução no âmbito comunicativo. Através das chamadas redes sociais, primeiramente com o extinto Orkut, suplantado pelo Facebook. Atualmente, existem muitos outros canais (Twitter, por exemplo), sendo o WhatsApp a sensação do momento. Entretanto, curiosamente, as pessoas tornaram-se mais distantes. As redes sociais “aproximam” os distantes e “distanciam” os próximos! Eis um dos grandes desafios da Igreja nesse século 21.

  

Pense!

 

Como comunicar-se com os de “fora” sem perder o contato com os de “dentro”?

 

Ponto Importante

 

A utilização consciente das redes sociais é um fator importantíssimo nos dias atuais.

  

CONCLUSÃO

 

O que objetivou a presente lição não foi demonizar a tecnologia, a mídia ou o saber. A advertência caminha apenas no sentido de alertar o povo de Deus para a verdade de que devemos, assim como Daniel e seus três amigos, influenciar, mas não sermos influenciados (Dn 3.29; 6.26). O excesso de informação ameaça mudar a nossa forma de pensar, porém devemos levar “cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.5 — ARA). Eis o nosso desafio.

 


Lição 4: A era da informação instantânea

3º Trimestre de 2015 CPAD

Comentarista: César Moisés Carvalho (adaptado)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Fundamentos bíblicos para relacionamentos saudáveis (lição EBD)

Fundamentos bíblicos para relacionamentos saudáveis (lição EBD)

 

TEXTO DESTAQUE

 

Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Sl 133.1).

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

DESCREVER os fundamentos teológicos dos relacionamentos cristãos;

APRESENTAR as bases dos relacionamentos saudáveis;

COMPREENDER os princípios dos relacionamentos saudáveis.


TEXTO BÍBLICO

 

Gênesis 2.18-24.

 

18 — E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.

19 — Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo animal do campo e toda ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.

20 — E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo animal do campo; mas para o homem não se achava adjutora que estivesse como diante dele.

21 — Então, o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar.

22 — E da costela que o Senhor Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão.

23 — E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada.

24 — Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.

 

INTRODUÇÃO

 

Nenhum homem é uma ilha isolada”. Essa importante estrofe do pregador John Donne (1572-1631), lembra-nos de que vivemos numa comunidade global, formada por pessoas de etnias e culturas diferentes. Todos recebemos do Criador a mesmíssima vida soprada em Adão (Gn 2.7; 5.3; At 17.25,26). O Senhor é doador da vida e de relacionamentos saudáveis, “porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17.28). Nessa lição, estudaremos os fundamentos bíblicos para a vida em comunidade e para os relacionamentos saudáveis.

 

I. DEUS VIU QUE NÃO É BOM QUE O HOMEM VIVA SOZINHO (Gn 2.18)


1. Relacionamento com Deus: A imagem divina.

  

E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. Gênesis 1:26


Na Antiguidade, apenas os grandes reis eram considerados “imagem de Deus”. Todavia, a Bíblia revela que isso não estava limitado aos monarcas, mas a todo homem — todos foram criados por Deus! Quão inovador não soou essa boa-nova aos ouvidos dos escravos, pobres, crianças, anciãos e mulheres do Antigo Oriente: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1.27; 1Co 11.7). Todos participam da vida do Criador!


2. Relacionamento com a criação: distinção e preservação (Gn 1.21-25).


E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. Gênesis 1:28


O mundo não é uma emanação divina. Tudo que existe foi criado por Deus. Essa mensagem soou como uma novidade na Antiguidade, acostumada a ver nas coisas criadas um reflexo da divindade (Dt 4.15-19; Rm 1.20-23). A Bíblia ensina que somente Deus é digno de adoração. Tudo é criação de Deus e somente o Senhor é Deus! O Deus que se relaciona com a humanidade é o mesmo que criou livre e amorosamente todas as coisas e as entregou ao cuidado do homem.


3. Relacionamento com o outro: identidade e solidariedade (Gn 2.18-25).


E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea. Gênesis 2:20


O Senhor afirma que “não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). Embora o homem desfrutasse da comunhão com o Criador e com a criação ele ainda estava incompleto. Faltava a dimensão interpessoal e afetiva (o outro): o relacionamento com outros seres humanos pelo diálogo, amizade e amor. Nisto se constitui a nossa identidade: o eu (si) — o que sou — e o outro — o que não sou. No primeiro, “o que sou”, somos chamados a ser sujeitos e controlar nossas vidas (rejeitando a dominação, a escravidão — autonomia), a escolher por nós mesmos (rejeitando a manipulação — liberdade), e a desenvolver meu modo próprio de ser pessoa (rejeitando a coisificação e instrumentalização — sujeito). No segundo, “o outro”, é verdadeiro o mesmo em relação ao primeiro, permitindo que aquilo que desejo para mim (autonomia, liberdade, condição de sujeito) seja também direito do outro, numa relação solidária.


Para refletir:


A afetividade é uma qualidade ou condição do ser psíquico que caracteriza uma capacidade de vivenciar internamente a realidade exterior, sentindo o impacto que essa realidade produz no interior na pessoa. É por meio dela que a pessoa reage emocionalmente a um estímulo. Ela é um modo de ser, porque o ser humano não “tem uma afetividade”, ele é afetividade.


(1) “A afetividade que uma pessoa sente por outra pode levá-la a racionalização (enganando-se a si mesma) e a verbalização (confundindo os outros) para camuflar os defeitos do outro alertado por pais, conselheiros e amigos?”

(2) “Você é capaz de identificar a influência da razão e da afetividade em suas decisões?”


Pense!

 

A imagem de Deus capacita-nos a viver plenamente com Deus, a distinguir-se da criação e a entender o próximo. Como valorizamos a imagem de Deus em nós?

 

Ponto Importante

 

O homem foi criado para viver e valorizar relacionamentos corretos e saudáveis.

 

II. FUNDAMENTOS DOS RELACIONAMENTOS SAUDÁVEIS (Rm 12.9-21)

 

1. Amor fraterno (Rm 12.10). 


Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. Romanos 12:10


A principal base de todo relacionamento saudável é o amor fraterno. É um amor interpessoal, que valoriza as qualidades, respeita as diferenças e suporta as fragilidades. É um amor capaz de se alegrar com as conquistas do outro, e de se entristecer com o infortúnio alheio (Rm 12.15). Ele é cordial e fraterno (Rm 12.10), e se esforça pela paz (v.18). O amor fraternal desenvolve-se inicialmente na família, entre os parentes consanguíneos, porque o núcleo familiar é o lugar mais apropriado para o surgimento e crescimento das interações humanas frutíferas que se estenderão por toda vida.


2. Amor agápico (Jo 13.34). 


Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. João 13:34


Este é o amor com que Deus ama-nos (Jo 3.16). Na verdade, o amor que é o próprio Deus (1Jo 4.8,16). Esse é o amor pelo qual Deus deu seu Filho para morrer pelos homens (1Jo 4.10), e o Filho deu-se a si mesmo à morte pela humanidade (Jo 15.13). Devemos “amar o próximo como a nós mesmos” (Mt 22.39). Mas tal amor pode sucumbir ao egoísmo, e aos interesses pessoais. Todavia, esse amor é derramado no coração do filho de Deus para que ele ame como Deus também ama (Rm 5.5; Jo 13.35). É desenvolvido na caminhada diária com o Senhor e com a comunidade de fé.


3. Amor agápico ordenado por Jesus que identifica os cristãos. 


Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. João 13:35


Embora o amor agápico não se apresente em sua plenitude nas limitações humanas, em Cristo, a pessoa pode amar com a mesma excelência com que Cristo ama e, assim, cumprir o mandato divino (Jo 13.34). Esse amor agápico é uma ordenança e a identidade (1Jo 4.7-13) mediante a qual o mundo conhece os discípulos de Cristo (Jo 13.35). Os relacionamentos entre os filhos de Deus devem superar suas diferenças e inquietações por meio do amadurecimento do amor agápico na vida da comunidade de fé, a Igreja (1Jo 4.16-21).

  

Pense!

 

O amor fraternal e o agápico são a essência dos relacionamentos saudáveis e frutíferos. O que implica a falta deles em nós?

 

Ponto Importante

 

A vocação cristã consiste em refletir intensamente o mesmo amor de Jesus.

 

III. PRINCÍPIOS PARA SE ESTABELECER RELACIONAMENTOS SAUDÁVEIS

 

1. Respeito. 


Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra. Romanos 13:7


O respeito é um valor moral necessário ao convívio saudável e harmônico. Por meio dele apreciamos e reconhecemos o próximo e os seus direitos: à vida, à felicidade; ao trabalho; ao culto; à livre expressão de ideias. No mundo globalizado e multicultural de hoje, o respeito é uma necessidade para a boa convivência. Nenhum relacionamento saudável subsiste sem respeito mútuo (Rm 13.7; Ef 5.33; 1Tm 3.8; Tt 2.2 — ARA).


2. Ética (Êx 20; Mt 5-7; 2Tm 3.16). 


Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra. 2 Timóteo 3:16,17


Em aspecto prático, a ética refere-se às normas de conduta sob as quais a sociedade e o indivíduo vivem. Todavia, a base da ética cristã não são os costumes sociais, mas o caráter santo e misericordioso de Deus, os ensinos de Jesus, e as Escrituras. Estes fundamentam a vida e os relacionamentos saudáveis dos cristãos.


3. Alteridade (distinção do outro) (Lc 6.36,37). 


Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.

Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão. Lucas 6:36,37


O homem é um ser social! Ele vive em comunidade e interage com o outro, que lhe é diferente. Isto cria uma relação de interdependência e solidariedade, que são necessárias ao desenvolvimento pessoal e coletivo do ser humano. Por meio da alteridade a pessoa se coloca no lugar da outra, procurando entendê-la, respeitando as diferenças que existem entre ambas.

 

Pense!

 

Respeito, ética e alteridade são como estradas de duas vias. O que aconteceria se vivêssemos preocupados apenas conosco?

 

Ponto Importante

 

O amor verdadeiro abre-se ao mistério que é o outro.

 

CONCLUSÃO

 

A Sagrada Escritura revela o maior de todos os segredos para a construção de um relacionamento saudável: O Senhor não estava solitário na eternidade, mas compartilhava da comunhão perfeita do Filho e do Espírito Santo! É a relação perfeita de amor entre as três benditas pessoas da Deidade que possibilita-nos entender o desejo do Senhor Jesus ao dizer: “Que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17.21). Sejamos unidos, nos esforcemos para sermos unidos, e vivamos relacionamentos saudáveis, porque essa é a vontade de Deus.


Lição 1: Fundamentos bíblicos para relacionamentos saudáveis

4º Trimestre de 2015 CPAD Comentarista: Esdras Costa Bentho (adaptado)